quinta-feira, dezembro 30, 2004

Informáticos uni-vos

É com muito agrado que vejo por fim um grito de revolta contra a exploração crescente que as empresas exercem sobre os informáticos, uma classe que engloba profissionais altamente qualificados e imprescindíveis para o desenvolvimento do país.
A dura concorrência do sector é usada como desculpa pelas empresas para que os informáticos tenham de abdicar dos seus compromissos, das suas horas de descanso, e muitas vezes até de dormir. Quantas vezes não passaram noites inteiras a concluir projectos atrasados sem qualquer tipo de remuneração? Isto não é a excepção, isto é a regra na maioria das empresas do nosso país ligadas à informática.

O problema deve-se em parte aos maus planeamentos dos projectos. São vários os factores que produzem este erro, fazendo com que 80% dos projectos de software acabem depois do prazo e com gastos superiores aos orçamentados. Dois deles parecem manifestar-se com regularidade: análise incorrecta dos riscos e planeamentos irrealistas.
Estes planeamentos devem-se por vezes à simples incompetência de indivíduos sem qualquer formação na gestão de PESSOAS, outras vezes, devido à ganância que usa estes planeamentos como meio para aumentar a pressão, obrigando os informáticos a trabalhar muito mais do que o acordado para que consigam cumprir os prazos.
Esquecem-se no entanto que um motor parte quando mantém muito tempo a sua velocidade de pico. E este motor são os empregados que merecem respeito. Para além de terem de trabalhar várias horas extraordinárias diariamente, as empresas recusam-se a pagá-las sobre qualquer forma. Nem temos direito a usufruir do nosso tempo de descanso em outro período.
Muitas contornam a lei, usando como tipo de contrato a "isenção de horário" para legalmente poderem explorar o trabalhador, mas esquecem-se que segundo a lei têm de pagar mais aos empregados por isso e cumprir um limite máximo de horas.

Informáticos, estamos em Portugal, um país onde felizmente estamos salvaguardados por leis como o código de trabalho.
Não se queixem em silêncio, não baixem a cabeça como vejo tantas vezes acontecer, tenham a coragem de lutar pelos VOSSOS direitos.
Um sindicato só nosso é um sonho pelo qual devemos ambicionar e lutar, mas até lá unam-se, façam uma comissão de trabalhadores se necessário, queixem-se à inspecção de trabalho, reivindiquem os direitos pelos quais os vossos pais e avós lutaram.
A nossa força está na força da nossa união. Juntos, e apenas juntos, faremos ouvir a nossa voz.

segunda-feira, dezembro 20, 2004

Bem vindo!

Este blog é o inicio do fim da exploração dos informáticos em Portugal! Uma classe profissional que embora tenha um papel preponderante no desenvolvimento do País não tem qualquer prestigio social e cujos seus profissionais são por norma privados de direitos consagrados no código do trabalho. Mais do que isso, os informáticos são privados de direitos humanos fundamentais como o sono. A má gestão dos projectos por parte das direcções das empresas resulta invariavelmente em directas consecutivas dos seus trabalhadores, raramente remuneradas.

A remuneração por hora de trabalho de um informático raramente chega ao de um trabalhador não especializado. Embora ao fim do mês pareça que é melhor remunerado.

A pergunta é até quando vamos tolerar isto?