sexta-feira, agosto 12, 2005

Exploração ou negócio?

Uma empresa de consultadoria informática, pelo meu caso e por outros de que tenho conhecimento, cobra por cada consultor "alugado" a outra empresa cerca de 5 a 10 vezes mais do que o ordenado que lhe paga. Existem empresas consultoras que cobram mais ou menos dependendo da especificidade das funções no projecto e das empresas clientes.

É interessante ver a discrepância do ganho dos consultores que trabalham todos os dias num projecto durante meses e de quem consegue clientes para esses consultores. Não existe uma parte do negócio sem a outra e não me parece que uma seja 5 a 10 vezes mais importante, trabalhosa ou complexa.

Num mundo onde o capitalismo é lei e a ganância a sua manifestação, pedir para "repartir melhor o bolo" seria um sacrilégio? Ainda ontem li "O salário mínimo de um mineiro de ouro sul-africano é de 2.354 randes (295 euros), enquanto um director executivo ganha 242 vezes mais do que um mineiro."

Ainda não somos os piores ...

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Isto é bonito de se dizer, mas se a discrepância é assim tão grande, e achas que dás conta da parte comercial, porque não crias a tua própria empresa de consultoria, e começas a cobrar pelo teu trabalho 5 a 10 vezes o teu ordenado? É verdade que o mercado é um bocado assim, mas porque é que tanta gente está presa ao emprego, que prefere a procurar o trabalho de cada dia?

4:46 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

A questão não é se também consigo ser bom na parte comercial ou criar a minha empresa. Todos os consultores não vão criar a sua própria empresa. Como escrevi anteriormente, não existe uma parte de negócio sem a outra, logo esta distribuição de dividendos não é justa. Claro que quem cria e gere a empresa deve ser premiado monetariamente pelo seu esforço. Mas acredito que se houvesse uma união entre nós, como um sindicato, esta realidade podia ser diferente, equilibrando mais a balança.

12:45 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Não posso estar mais de acordo.

Desde que trabalho no mundo da informáica que vejo essa realidade, mas penso que a culpa não é só a ganância.
As empresas só não contratam mais gente porque a legislação não é fléxivel o suficiente para que, depois de realizado um trabalho, possam dispensar as pessoas Por isso recorrem ao outsorcing e por isso existe estas descrepâncias.

11:56 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Boa Tarde.
Em relação a este debate tenho a dizer o seguinte: Os tecnicos de informática/ programadores, são talvez a classe de trabalhadores ao qual são exigidos um maior nível de conhecimento tecnologico, para não falar no esforço constante que temos que fazer para nos manter minimamente actualizados e na constante actividade cognitiva exigida aos programadores.
Por outro lado quantos de nós já nos vimos na tradicional situação de explicar ao gestor que uma determinada tarefa não é tão simples como ele pensa, e o quanto errado está na previsão para a sua conclusão?! Claro que quando chegamos a este ponto, a única pessoa que vai pagar a factura, seremos nós, com noitadas, dias inteiros sem falar com a familia para que possamos a todo o custo salvar um determinado projecto, que como já foi referido aqui, daria para cobrir 20 vezes o nosso salário ao longo de um ano. E quando não conseguimos ? Simples, passamos de bestial para bestas, e venha o seguinte.
A elevada proliferação de escolas e cursos de informática é um facto. A mão de obra está cada vez mais barata. Lembro-me de assistir a colegas nossos a trabalhar com ordenados inferiores a 500euros. E acreditem, de ano para ano esta situação tenderá a piorar. Não tarda haverá um excedente. Tal permite aos empregadores abusar cada vez mais da nossa classe, com o argumento tão simples como, 'se não quiseres há quem queira!'.
No meu caso pessoal, até nem tenho grandes razões de queixa, mas assisto diariamente a este cenário com colegas nossos.
Todas as pessoas merecem o minimo para serem felizes, e ser feliz implica não só ter uma actividade profissional interessante (sim o trabalho tambem faz parte da felicidade) mas poder conciliar esta activadade com a parte humana, ter tempo para a familia, poder assistir e acompanhar o crescimento dos nossos filhos.
O cenário actual, impede a muitos bons profissionais da nossa classe, que possam ser pessoas normais, com direito a familia. Basicamente são constantemente torturados (sim não estou a exagerar, a pressão constante incutida em alguns colegas é uma tortura!).
Todas as classes laborais já passaram por isto no passado, e qual é a solução? Simples, a solução reside na união. Só juntos teremos força para dignificar a nossa actividade, sem esta união estaremos condenados ao fracasso, e não pensem em ter esta profissão que todos gostamos (sim so gostando muito é que conseguimos aturar isto!) durante muito mais anos, pois tal será humanamente incomportável. Basicamente a coleira vai apertando cada vez mais, até que um dia....venha o proximo.

TEMOS QUE NOS UNIR!
A SALVAGUARDA DOS DIREITOS MINIMOS INDESPENSÁVEIS A FELICIDADE DE QUALQUER SER HUMANO DEPENDE DESTA UNIÃO!
TODAS AS CLASSES TRABALHADORAS APRENDERAM A LIÇÂO E NÓS ? ESTAMOS A ESPERA DE QUE?

4:15 da tarde  

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