Porquê um sindicato dos informáticos?
Sindicato: s. m., associação de indivíduos de uma classe ou grupo profissional para a defesa dos seus interesses profissionais e económicos. In Priberam Informática - Língua Portuguesa On-Line.
Embora me pareça que não é claro para a maior parte dos jovens o que é o sindicalismo e para que serve, vou abster-me dessa discussão por agora...
A existência de diversos sindicatos deve-se ao facto de cada profissão sofrer de problemas específicos e também de dispor de meios distintos para defendê-los, consoante a união e importância da classe profissional na sociedade.
Qual é o sindicato que representa o nosso grupo profissional e defende os nossos interesses? Existem inúmeros sindicatos onde nos poderíamos incluir, por exemplo o Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal ou o Sindicato Nacional de Quadros Técnicos. Mas estes sindicatos representam-nos? Que poder de mobilização temos dentro destes sindicatos para a resolução dos nossos problemas profissionais? Sentimo-nos identificados com os outros profissionais que lhes pertencem? Eu penso que não, e penso que é essa uma das razões pela qual não conheço nenhum informático sindicalizado. A ideia de criar um sindicato dos informáticos é unir uma classe de profissionais que se encontra desunida. Prova disso, é que a proposta de um sindicato dos informáticos suscita a imediata discussão de quem são os informáticos, e entre eles de quem tem o trabalho mais difícil, mais criativo, mais cansativo. Se gastamos as nossas energias nestas discussões é porque não temos problemas maiores que nos afectem. E nesse caso, de facto não faz sentido a criação de um sindicato. Vejamos os sindicatos que existem, Sindicato dos Engenheiros da Região Sul por exemplo, incluí desde Engenheiros Agrónomos a Engenheiros Electrotécnicos. E nós discutimos se faz sentido a criação de um sindicato da classe profissional dos informáticos? Considero que esta necessidade de diferenciação deve-se ao desprestigio social em que a nossa profissão caiu. Hoje em dia, já ninguém é informático. Somos consultores, web designers, administradores de sistema ou de base de dados. Eu penso que no futuro, à medida que a nossa área crescer, surgirão naturalmente os sindicatos de cada especialidade. Por enquanto, gostaria que começássemos por um sindicato com muitos associados que pudesse defender os interesses dos informáticos em geral. No qual eu me visse profissionalmente melhor retratado que nos sindicatos existentes. Um sindicato onde toda a gente percebesse a piada: “Existem 10 tipos de pessoas, as que entendem binário e as que não entendem binário”. A minha definição pessoal de informático é “profissional que trabalha no desenvolvimento ou manutenção de sistemas informáticos”. Quem souber o que é passar um dia inteiro a moer a cabeça para tirar um bug no código e não se considerar um informático, considera-se o quê então? Se conseguíssemos unir um núcleo suficiente de profissionais para constituir um sindicato poder-se-ia considerar mudar o nome para Sindicato dos Profissionais da Área de Informática ou mais pomposamente Sindicato dos Profissionais de Tecnologias de Informação. Mas dada a situação actual, penso que o nome do sindicato e a definição formal de informático são questões de segundo plano. Informático é quem se considerar informático, independentemente da sua especialidade.
Embora me pareça que não é claro para a maior parte dos jovens o que é o sindicalismo e para que serve, vou abster-me dessa discussão por agora...
A existência de diversos sindicatos deve-se ao facto de cada profissão sofrer de problemas específicos e também de dispor de meios distintos para defendê-los, consoante a união e importância da classe profissional na sociedade.
Qual é o sindicato que representa o nosso grupo profissional e defende os nossos interesses? Existem inúmeros sindicatos onde nos poderíamos incluir, por exemplo o Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal ou o Sindicato Nacional de Quadros Técnicos. Mas estes sindicatos representam-nos? Que poder de mobilização temos dentro destes sindicatos para a resolução dos nossos problemas profissionais? Sentimo-nos identificados com os outros profissionais que lhes pertencem? Eu penso que não, e penso que é essa uma das razões pela qual não conheço nenhum informático sindicalizado. A ideia de criar um sindicato dos informáticos é unir uma classe de profissionais que se encontra desunida. Prova disso, é que a proposta de um sindicato dos informáticos suscita a imediata discussão de quem são os informáticos, e entre eles de quem tem o trabalho mais difícil, mais criativo, mais cansativo. Se gastamos as nossas energias nestas discussões é porque não temos problemas maiores que nos afectem. E nesse caso, de facto não faz sentido a criação de um sindicato. Vejamos os sindicatos que existem, Sindicato dos Engenheiros da Região Sul por exemplo, incluí desde Engenheiros Agrónomos a Engenheiros Electrotécnicos. E nós discutimos se faz sentido a criação de um sindicato da classe profissional dos informáticos? Considero que esta necessidade de diferenciação deve-se ao desprestigio social em que a nossa profissão caiu. Hoje em dia, já ninguém é informático. Somos consultores, web designers, administradores de sistema ou de base de dados. Eu penso que no futuro, à medida que a nossa área crescer, surgirão naturalmente os sindicatos de cada especialidade. Por enquanto, gostaria que começássemos por um sindicato com muitos associados que pudesse defender os interesses dos informáticos em geral. No qual eu me visse profissionalmente melhor retratado que nos sindicatos existentes. Um sindicato onde toda a gente percebesse a piada: “Existem 10 tipos de pessoas, as que entendem binário e as que não entendem binário”. A minha definição pessoal de informático é “profissional que trabalha no desenvolvimento ou manutenção de sistemas informáticos”. Quem souber o que é passar um dia inteiro a moer a cabeça para tirar um bug no código e não se considerar um informático, considera-se o quê então? Se conseguíssemos unir um núcleo suficiente de profissionais para constituir um sindicato poder-se-ia considerar mudar o nome para Sindicato dos Profissionais da Área de Informática ou mais pomposamente Sindicato dos Profissionais de Tecnologias de Informação. Mas dada a situação actual, penso que o nome do sindicato e a definição formal de informático são questões de segundo plano. Informático é quem se considerar informático, independentemente da sua especialidade.
posted by Daniel G. at 1/19/2005 10:55:00 da tarde
7 Comments:
a ideia é excelente e realmente faz falta um sindicato que tenha conhecimento real dos problemas que nos afectam diariamente. por isso, deixo aqui os meus parabéns e um voto de que se divulgue tudo o que aqui é discutido por todos os informáticos (sejam eles "consultores, web designers, administradores de sistema ou de base de dados").
agora umas observações...
"Sentimo-nos identificados com os outros profissionais que lhes pertencem? Eu penso que não, e penso que é essa uma das razões pela qual não conheço nenhum informático sindicalizado." <--- apesar de não me sentir minimamente identificado com uma secretária, recepcionista ou vendedor de qualquer loja, sou sindicalizado pelo SITESE. pelo menos, sei que quando precisar posso usufruir dos serviços que prestam, por exemplo, na área do aconselhamento jurídico. pode ser um sindicato sem grande expressão, é verdade, mas a "pescadinha de rabo na boca" não se desfaz se continuarmos a pensar que não vale a pena porque somos poucos! se existe quem nos represente, por que não juntarmo-nos a eles? claro que se existir quem nos represente melhor, juntaremo-nos a esses! e penso que é esse o problema, não há quem nos represente melhor e faz bastante falta
"Informático é quem se considerar informático, independentemente da sua especialidade." <--- verdade, mas infelizmente também se considera informático o primo/tio/amigo/vizinho que tem umas luzes de como entrar no windows e instalar uns programas e diz-se informático. hoje em dia toda a gente o é e o que isso provoca é um excesso de oferta que, muitas vezes, não é de qualidade. portanto, espero que a criação de um sindicato traga uma melhoria na qualidade dos serviços prestados e possa separar o trigo do joio. porque se assim não for, quem sofre são os restantes. atenção que não pretendo ser elitista e dizer que só os melhores é que merecem representação! há melhores e piores em todas as áreas
a criação de um novo sindicato permitiria também acabar com a designação genérica actual de "técnico de informática", desde o júnior que acabou de aprender a instalar uma impressora até ao sénior que acabou de reparar uma base de dados gigantesca. faz falta criar níveis ou designações para separar as diferentes fases do percurso profissional de um informático
espero ver aqui bastantes participações e discussões sérias sobre este assunto
Oi,
Se avançarem com o Sindicato, ou se precisarem de ajuda, podem contar comigo.
Realmente, não estou sindicalizado por não conhecer nenhum sindicato específico para profissionais de Informática.
E já agora uma achega ao vosso discurso. Se repararem e falando de História, o Sector Primário, onde predominava a mão-de-obra Agricola, foi substituida por culturas intensivas e maquinaria agricola, o Sector Secundário, ou da revolução industrial, também a mão-de-obra já foi suplantada pela produção em Série ( Taylorismo ) e pelos Automatismos e Robotização. Actualmente o sector que sofre uma revolução, é o Terciário, onde podem ver que começam a surgir Datawarehouses, Business Intelligence e até um mais simples, que é o próprio Office, vem substituir uma data de mão-de-obra predominante neste sector, tais como o Secretariado ( Para quê uma secretária, se tenho o Calendar do Outlook para reuniões, se tenho um e-fax para enviar/receber faxes e se tenho o e-mail para notas ( posts ) e correspondência? ). No caso do BI, este chega a um nível mais elevado, ou seja aos executivos decisores, onde os analistas, controllers e os consultores, são substituidos por aplicações que fazem exactamente o mesmo serviço ( ou melhor ), mais barato e a qualquer hora.
Mas na componente informática, a qual eu enquadro num hipotético sector quaternário ( Cérebro, Criatividade e Conhecimento ), é um sector que tem evoluído de uma forma diferente. Estão a surgir novas posições ( Datawarehouse Managers, CIO ( Chief Executive Officer ), Systems Engineers, MIS Managers, EI Managers, etc.,etc.
A nossa profissão está numa posição cada vez mais critica e a maioria dos Gestores de Topo, têm perfeita consciência que para controlar custos e serem competitivos no mercado, têm que ter uma Infra-Estrutura Informática cada vez mais poderosa.
Nesta área existem actualmente duas vertentes: A vertente da dependência de recursos por outsourcing e a vertente da dependência de recursos internos à empresa. Há diversas visões por parte dos Gestores de Topo. Na vertente de Outsourcing, crê-se que a eficiência e a eficácia é muito superior à dos recursos internos, pois não há "vicios", nem "manhas". E a responsabilização é canalizada ao fornecedor. Na vertente de recursos internos, crê-se nos custos muito mais baixos dos recursos humanos ( versus outsourcing)e a capacidade de um controlo mais efectivo sobre dados e possíveis "fugas de informação", que podem ser prejudiciais à empresa, ou seja o nível de confiança é mais elevado. Uma ou outra, a verdade é que as empresas, quer a nível empresarial, quer a nível institucional, quer inclusivé a nível pessoal ( quantos não têm amigos que os convidam para jantar e já agora configura-me a impressora ?), estão cada vez mais dependentes dos sistemas e de quem os gere.
Concluíndo, um Sindicato dos Informáticos, é a pior coisa que pode surgir para os Gestores de Topo. Pois irá obrigá-los a re-equacionar o valor-hora de um Informático Senior e talvez até a procurar o mesmo tipo de cérebros fora da CEE ( algum indiano, ou chinês ). A minha visão, é que num futuro não muito longínquo, a profissão de Informático irá ter uma posição cada vez mais próxima da Gestão de Topo, senão em paralelo com a mesma ( os tais CIO's). A verdadeira componente de concorrência intelectual e a vantagem comercial, vai passar pelo valor de cérebros informáticos que compõem uma empresa. A criatividade e a visão também serão duas componentes a considerar em conjunto com as competências das equipas tecnológicas.
Ass: Filipe Miguel Quintino
P.S.- Parabéns pelo Blog, vou divulgá-lo dentro do meio profissional de informáticos ( também não é muito grande, mas enfim ).
Olá a todos.
Foi com alguma surpresa que descobri que ainda não existe um sidicato para informáticos. Julgo que nos devemos unir sem demora para que os nossos direitos posssam ser devidamente salvaguardados.
Olá a todos.
Foi com alguma surpresa que constatei a inexistencia de um sindicato para a nossa classe. Desejo árduamente que se forme o mais rápido possivel um sindicato que nos defenda das atrocidades a que, infelizmente, estamos sujeitos.
Força!
Boas Pessoal,
A minha questão é: Como juntar os informáticos para a criação do tão necessário Sindicato???
Esta sim é uma questão que eu ponho muitas vezes e que gostaria de ver respondida. Vejo que este blog já tem um tempo considerável e que apenas algumas pessoas nele têm a opnião expressa(apesar de todas favorávei).
Apenas com uma forte adesão dos informáticos dos mais variados sectores de actividade se pode criar um sindicado forte e que tenha capacidade de diálogo com as entidades patronais. No entanto, não vejo nos informáticos a vontade de ver criado um sindicato. Tanto mais que a maior parte são jovens(como eu) que não vêm nos sindicatos uma forma de luta e união entre os trabalhadores, mas sim um grupo de pessoas que não quer trabalhar.
No entanto basta ver que os povos nordicos do quais dizemos que têm bons ordenados e condições laborais são os que têm os sindicatos mais fortes.
Fiquem bem
Bruno Miguel
Que esta ideia não fique apenas por um Blog
Boas,
Vamos criar um sindicato que consiga lutar contra a "escravatura" que algumas consultoras utilizam, colocando os seu colaboradores a trabalhar 12 horas por dia sem qualquer remuneração por essas horas.
Qualquer trabalhador da contrução civil recebe a dobrar caso necessite de trabalhar horas-extras.
Na consultoria quem não faz essas horas recebe apenas uma má avaliação que irá lucrar nos cofres da empresa, isto é lá se vão os prémios e os aumentos de salário, ha pois isso já não existe, a crise congela-os todos os anos.
Para criar um sindicato apenas necessitamos de 5 colaboradores reivindicativos.
Eu posso-me me juntar a mais 4.
A união faz a força.
Consultor
Crie-se antes a Ordem dos Informaticos Portugueses... assim pode-se definir legalmente as condições de acesso a Profissão e acabar de vez com a oferta de fraca qualidade por "profissionais" não qualificados.
necessitarem de ajuda digam... tenho ampla experiencia em materias associativas
é so mandar mail lagrenge[at]gmail.com
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